Os humanos ao observarem a natureza, veem-na através de um universal de mudança permanente: as flores que murcham, o rio que escoa, as gerações que envelhecem e morrem,ou seja, a perenidade da vida. No desejo de acabarmos com o movimento do caos ( devir), tentamos instituir uma ordem ( cosmos), regidos por princípios ditos “racionais” que eternizam e organizam o tempo através das: mitologias, religiões, deuses, relógios, calendários, História, etc. Apreendemos o conceito de tempo através de dois operadores hermenêuticos : primeiro pela intuição do efêmero e segundo pelo desejo de eternidade. A tentativa de racionalizarmos e controlarmos o tempo, assume assim, a função reguladora e norteadora em nossas vidas. O grande problema que enfrentamos é que não podemos conceituá-lo a partir de pressupostos ditos empíricos, menos ainda a sua ação ─ a não ser indiretamente por meio de referenciais paradoxais e do efeito do mesmo sobre eles. Muito menos controlá-lo, pois a morte é inexorável aos seres e, mais uma vez nos vemos diante do medo terrificante de uma nulidade ontológica, ou seja, do não-ser. Apresenta-se enfim como um limite existencial. Numa ótima analogia, Umberto Eco (no livro O Nome da Rosa), pensa a busca pelo sentido das coisas como: um grande labirinto em que tempo e existência se entrecruzam sem um centro, nem periferia. Que conduz a toda parte e não leve a lugar nenhum. Podemos pensar, na infinitude de respostas que nos cerca, ante esse problema assombroso, que a experiência temporal possa ser um produto do nosso organismo ─ uma representação ilusória da nossa mente orgânica para que possamos suportar essa força perturbadora que a tudo integra e desintegra. Diante disso, o tempo se apresenta com uma perplexidade terrível, pois quando forçamos nossa mente a pensá-lo, somos jogados num abismo profundo das incertezas. Entre a experiência do perplexo e o abissal e num mergulho às ideias de grandes pensadores , que desejo, junto aos colegas, experimentar.
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